Mauro Cezar: Flamengo vence o Vasco jogando mal e Vitor Pereira não é covardi
O Flamengo precisa, há tempos, de quem tire seus jogadores da zona de conforto. Da acomodação do final de 2021, mesmo sem taças relevantes, e no desfecho da última temporada, com os campeões da Libertadores e da Copa do Brasil perdendo jogos para adversários inferiores sem constrangimento.
Na vitória sobre o Vasco por 3 a 1, o time de Vitor Pereira jogou mal, regrediu em relação às partidas anteriores. E só venceu depois de substituições que geraram irritação de parte da torcida, além dos comentários mais do mesmo de sempre. As bobagens do tipo, “não pode substituir Fulano”.
Gabigol não fazia um jogo minimamente razoável, pelo contrário. A atuação do camisa 10 era fraquíssima. Erros de passes, gol perdido com a perna esquerda no primeiro tempo, participação nula. Acontece com os melhores jogadores de futebol, não era o dia do artilheiro, que saiu. As mudanças naquela altura esfriaram a pressão desordenada, mas perigosa do Vasco.
Mais adiante, em novas trocas, foi a vez de Arrascaeta sair. O uruguaio jogava, aliás, já se arrastava, no sacrifício. Mas parte do Maracanã gritou “burro” para o treinador quando o viu deixando o campo. Em seu lugar, Matheus França, inteiro, motivado, jovem e bom de bola. Ele criou a situação que levou o time à vitória.
Além de sofrer pênalti, o garoto de 18 anos quase marcou em nova arrancada logo depois. Se o Flamengo fez partidas nas quais merecia melhor sorte e perdeu, desta vez venceu jogando mal. E só venceu porque o treinador, corresponsável pela má atuação ao lado de seus atletas, não teve medo de mexer no time, mesmo tirando medalhões.
É curioso, pois todos os antecessores no cargo foram criticados quando jogadores importantes, especialmente Gabigol, estavam mal e não saíam do time. “Tem medo de tirar”, diziam muitos rubro-negros. Mas quando ele sai, o responsável pela decisão também é combatido. Como entender essa turma?
A pressão sobre Vitor Pereira é apoiada em muito achismo e na velha busca por engajamento, audiência, pois atrai a ala mais frenética e até lunática da torcida. Os que imaginam ser o futebol mais simples do que de fato é. Podem afirmar que o treinador não é bom, etc. Opinião é opinião, claro. Mas só não dá para dizer que ele é covarde.
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira Uol