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Perícia encontra inconsistências nas contas da SAF do Vasco

Uma perícia preliminar de contabilidade verificou uma série de inconsistências nas contas da SAF do Vasco, como um empréstimo irregular a uma empresa que pertence à 777 Partners e pagamento ao ex-presidente Jorge Salgado com valor superior ao que foi divulgado em demonstrações financeiras. Os peritos sugeriram, em conclusão, uma “provável gestão temerária” na empresa.

O relatório da empresa SwotGlobal foi juntado nesta quinta-feira ao processo que corre em segredo de Justiça na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. O ge teve acesso ao documento de 24 páginas. A perícia foi uma determinação do juiz Paulo Assed Estefan na liminar que tirou os direitos societários da 777 Partners e entregou o controle da SAF ao clube associativo.


Na primeira tentativa de acessar o escritório da SAF, no dia 20 de maio, os peritos foram barrados, e houve princípio de confusão no saguão do prédio comercial situado na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. A equipe, acompanhada de um oficial de Justiça, retornou nos dias 23 e 24 e recolheu os documentos.

A empresa, no entanto, teve apenas acesso parcial às contas da SAF. Alguns pedidos não foram atendidos, o que compromete o resultado da análise, de acordo com esse trecho:


“[…] há informações que podem ser qualificadas como conflitantes nos registros da SAF que precisam de mais esclarecimentos e documentação suporte. Desta maneira, para um trabalho pericial isento, íntegro e aprofundado, é necessário que a SWOT obtenha maior acesso ao acervo de documentos da SAF, bem como, entrevistas com profissionais internos para melhor entendimento e esclarecimentos da rotina interna. Para que, assim, a SWOT possa realizar seu Laudo Pericial”.

Apesar disso, a conclusão da perícia é a seguinte:

[…] foi realizada análise preliminar da documentação fornecida pela SAF, tendo sido verificada a existência de indícios de irregularidades ocorridas durante a gestão da 777, inconsistências e/ou omissões de documentos bancários, ausência de contratos vinculados às operações financeiras, violação à ordem de credores em pagamentos realizados, transações intercompany comprometendo as operações da SAF”.

O ge fez contato com as assessorias da 777 Partners e da SAF do Vasco, mas ainda não houve retorno. A reportagem poderá ser atualizada a qualquer momento com as respectivas posições.

O relatório é assinado por seis representantes da SwotGlobal: Marcello Guimarães (presidente), Hilton Junior (vice-presidente de Operações), Iashmin Bastos (contadora), Guilherme Mendes (engenheiro), Maiara Martins (contadora) e Gabriel Tomaz (engenheiro).

Contas bancárias da SAF

Os peritos afirmam que, em reunião com a ex-CFO Kátia dos Santos, foram informados que a SAF do Vasco possuía apenas uma conta bancária, mas a análise dos documentos verificou a existência de pelo menos mais uma. O pagamento do primeiro aporte da 777 Partners, de R$ 120 milhões, foi feito entre duas contas pertencentes ao CNPJ da companhia.

“Face a evidência apresentada acima, há que se questionar acerca da movimentação bancária da conta origem dos depósitos mencionados acima – Haviam recebíveis em tal conta? Eram pagas despesas? Qual era a movimentação financeira de tal conta? Infelizmente, a análise da SWOT se mostra prejudicada devido a omissão da existência de tal conta”, afirma a perícia.

Empréstimo à empresa da 777

A perícia solicitou os documentos de transferências envolvendo o Vasco SAF e empresas da 777 Partners, as chamadas intercompany. O clube forneceu um único contrato de empréstimo pactuado em novembro de 2022 com a F3EA Holdings LLC. no valor de US$ 5 milhões. Ou seja, logo depois da constituição da SAF, a 777 pegou R$ 26.134.550,00 emprestados do clube.

Esse empréstimo chegou a virar polêmica nos bastidores do Vasco, com discussões no Conselho Deliberativo. A transação foi lançada no balanço financeiro da companhia.

De acordo com o contrato, a F3EA Holdings deveria retornar o valor em duas parcelas de US$ 2,5 milhões, mas a perícia verificou que o pagamento foi feito em 12 parcelas depositadas entre o período de dezembro de 2022 e maio de 2023, não sendo verificado o correto acerto dos juros mensais de 1,2%, muito menos das penalidades devidas em razão do atraso do pagamento (juros de mora de 1% ao mês).

“Ou seja, uma empresa que teria a responsabilidade de investir na SAF, ao contrário disso, toma empréstimo no valor de USD 5.000.000,00 com a mesma, sob a alegação de ganho financeiro, o qual se verificou que não ocorreu, face o pagamento realizado de forma parcelada e o não pagamento dos respectivos juros”, concluiu o relatório.

Pagamento a Jorge Salgado

Presidente do CRVG na gestão anterior a de Pedrinho, Jorge Salgado é um histórico credor do Vasco por ter emprestado dinheiro ao clube mais de uma vez. Antes da instituição da SAF, o clube devia aproximadamente R$ 25 milhões a ele.

A perícia verificou que, em setembro de 2022, houve pagamento no valor de 5.052.397,00 a Salgado, mas a quantia lançada no balancete daquele mês foi de R$ 4.740.000,00.

“Sem a devida documentação vinculada a este valor, muito menos ao passivo ligado ao Sr. Jorge Salgado e ao VASCO, a SWOT não pode tecer comentários sobre tal pagamento, muito menos quanto à vinculação dos mútuos, apenas levantar tal inconsistência para fins de posterior verificação, haja vista a divergência de valores e a proximidade do pagamento efetuado ao Sr. Jorge Salgado e a assinatura do Contrato de Investimento”, diz um trecho do relatório.

Jorge Salgado foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas ainda não respondeu.

Fonte: ge

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