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Com poucas lesões no time em 2023, a fisiologista do Vasco, Sarah Ramos, detalha o processo adotado

O Vasco foi uma das equipes com menor índice de lesões no Brasileirão de 2023. Com apenas 23 baixas médicas, o clube só ficou atrás do Cuiabá no ranking geral do Espião Estatístico, feito pelo ge. O resultado é fruto de um acompanhamento “24 horas” do Departamento de Saúde e Performance do clube, no qual o cargo de fisiologista é ocupado por uma mulher, algo raro no futebol brasileiro.

– Desde o momento que eles chegam para treinar ou no dia do jogo, estamos com eles. Temos os questionários de bem-estar para saber como é que foi esse “gap” que a gente tem do fim de um treino até o próximo. Quando eles estão em casa, estão fazendo outras atividades, então monitoramos tudo. É muito importante para ajustar como cada um lidou com o treino anterior.


A declaração acima é de Sarah Ramos, fisiologista do Vasco. Em toda a Série A do Brasileirão, apenas uma mulher além dela ocupa este cargo – no Athletico Paranaense, Nathália Arnosti também tem essa função.

– No futebol, de maneira geral, não é natural ver a presença de muitas mulheres. Mas hoje vejo que isso melhorou. Nunca achei que trabalharia no profissional por isso, mas consegui.


– Eu estou há mais de nove anos no Vasco, então a maioria já me conhece há muito tempo. Os atletas que hoje estão um profissional, alguns eu peguei na base. A relação é ótima. Não tenho nada a reclamar ou achar que é tratamento diferente por ser mulher. Infelizmente, no Brasil ainda não é muito comum, mas espero que comece a ser.

O Vasco faz tratamento e acompanhamento individualizados dos atletas no dia a dia. Durante os treinamentos e os jogos, as métricas são disponibilizadas em tempo real pela fisiologia e compartilhadas com toda a área da saúde, preparadores e comissão técnica. Os jogadores, após as partidas, também recebem um relatório geral.

– Fazemos esse monitoramento da carga externa pelo GPS, que vai ser o quanto que ele correu. Quantos quilômetros, qual foi essa intensidade, se foi uma alta velocidade, ou não foi. Quantas acelerações ele fez, qual foi a velocidade máxima – explicou Sarah.

O tratamento segue até depois da temporada, durante as férias dos jogadores. Os atletas receberam uma cartilha de atividades para se manterem em forma durante o período sem jogos. Segundo Sarah, os jogadores voltaram iguais ou até melhores do que estavam no fim da última temporada.

– Tivemos essa cartilha com sugestão de treinos para que eles não entrassem em “destreinamento” nesse período de férias. Apesar de ser uma pré-temporada, são poucos dias de preparação. Então, o quanto que eles pudessem não perder nesse período, seria o melhor para nós.

– Fizemos as avaliações nos primeiros dias da temporada e vimos que a maioria manteve ou até tinha melhorado as avaliações físicas do ano.

No clube há nove anos, desde o estágio, Sarah acompanhou grandes revelações do Vasco nos últimos anos. A evolução é motivo de orgulho.

– Fiquei sete anos trabalhando do sub-11 até o sub-20. Em 2022, subi para o profissional. O Andrey Santos, o Marlon Gomes, o Gabriel Pec, todos eles. É uma felicidade enorme de ter esse privilégio e essa oportunidade de acompanhar esses atletas ao longo da vida – concluiu a fisiologista.

Fonte: ge