Euriquinho lança a candidatura e diz que vai expor contrato da SAF do Vasco e quer expulsar ‘flamenguistas’: ‘Gestão sem sentimento’
Um dos times mais vitoriosos do Brasil na década de 1990 e início dos anos 2000, o Vasco tinha como o seu principal dirigente Eurico Miranda, que seguiu importante na vida política do clube até perto de sua morte, em março de 2019. Poucos anos depois, o filho dele é quem tenta dar prosseguimento à trajetória do pai.
No dia 7 de junho, quando Eurico completaria 79 anos, Euriquinho criou um perfil nas redes sociais para oficializar sua candidatura à presidência do Vasco para o triênio 2024-2026, que ainda não tem data marcada – mas deve acontecer em novembro deste ano.
E, no que depender do discurso, ele tem planos ousados de trazer o clube de volta às glórias do passado. Em entrevista ao ESPN.com.br, o candidato explicou os seus planos de união com outras frentes políticas dentro de São Januário.
“O Vasco não tem mais saída se não tiver um diálogo mínimo entre todas as correntes políticas do clube. E isso só vai ganhar quando o cara que ganhar a eleição efetivamente estiver disposto a isso. A grande demonstração será que, no primeiro dia de gestão, caso eu ganhe, eu vou me reunir com todos os candidatos para entender em que ponto eles podem contribuir com o Vasco, e que pessoas das suas respectivas equipes podem realmente contribuir com o Vasco e abrir o Vasco para todas as pessoas que queiram ajudar e possam contribuir”.
Um dos planos de Euriquinho é entender um pouco melhor como funciona a SAF do clube, que teve 70% das ações relativas ao futebol vendidas à 777 Partners, proprietária também de outras equipes pelo mundo, como por exemplo o Sevilla, da Espanha, e o Genoa, da Itália. Segundo ele, o processo precisa ser mais transparente para os milhões de torcedores.
“Diante de todas as polêmicas que estão sendo ventiladas, em tudo o que foi feito, desde o início do processo, é primordial que a gente abra o contrato e que as pessoas realmente saibam o que foi feito, entendam o que foi feito. Até para, se realmente estiver tudo certo, continue com um caminho mais tranquilo”, explicou o herdeiro de Eurico Miranda.
“A SAF está tendo um caminho muito difícil porque escondeu as coisas, não abre realmente para o torcedor o que foi feito. Esse é um dos grandes problemas que precisam ser resolvidos. Com a abertura completa do contrato, as pessoas realmente vão ser esclarecidas e podem seguir, ou não, de acordo com o que lá estiver, se realmente não estiverem cumprindo as coisas, responsabilizar as pessoas que tenham feito algo de errado e, se for o caso, de erros graves na formação dessa SAF, aí se buscar um rompimento”, afirmou o candidato.
“Mas eu acredito que o mais importante é que as pessoas tenham efetivo conhecimento do que foi feito, para acabar com essas dificuldades que a SAF está enfrentando e vai acabar enfrentando cada vez mais, principalmente com o torcedor se afastando cada vez mais do clube. Os números do sócio-torcedor, de sócio estatutário, venda de camisas, tudo vem caindo vertiginosamente e vai, sim, daí por diante, ser cada vez pior se eles não abrirem e demonstrarem realmente a verdade do que foi feito”.
Se Eurico, que ao mesmo tempo que foi muito vencedor no Vasco, também colecionou polêmicas com os rivais, seu filho também não se preocupa com inimizades, principalmente quando se trata do maior rival, o Flamengo, fazendo uma clara referência a Luiz Mello, CEO da SAF do Vasco, apontado por muitos como torcedor do Rubro-Negro.
A notícia a respeito do suposto vínculo entre o dirigente e o Flamengo ganhou força depois que inúmeros “prints” de imagens constando o CPF ativo do dirigente no atual quadro de sócios do clube da Gávea foram publicadas em redes sociais. Procurado pela ESPN, Luiz Mello, através da comunicação do Vasco, disse que não se pronunciará neste momento.
“O que eu vou fazer é demonstrar e convencer os donos do Vasco que, efetivamente uma gestão sem sentimento, não tem sucesso no futebol. Eu só entendo o futebol do clube de massa gerido com paixão, sentimento. Que se procurem pessoas capazes, competentes e profissionais, vascaínas. Não é possível que em um universo de 15 milhões de pessoas, você não encontre uma pessoa capaz para ser CEO do Vasco. Não podemos escolher os cargos simplesmente porque o cara é um amigo de bairro ou um apoiador de bairro, e ainda mais sendo torcedor do maior rival. Isso influencia, sim, isso joga um peso grande, sim, na gestão, e temos que, efetivamente, afastar essas pessoas do clube”, disse, antes de seguir.
“O Vasco precisa ser representado por alguém que conheça o seu tamanho. Hoje, o Vasco é representado por pessoas que não reconhecem o efetivo tamanho do Vasco. Dá para perceber até pelas declarações do presidente (Jorge Salgado) no último Conselho, que alegou estar entregando um Vasco forte e competitivo. Muitos se assustaram, mas eu não me assusto porque realmente esse é o Vasco forte e competitivo que eles sempre sonharam. Eles pensam o Vasco pequeno. Representam o Vasco como um time de menor tamanho do que ele realmente tem. Então o Vasco precisa ser representado por alguém que realmente conheça o tamanho do Vasco, conheça a sua magnitude, a sua abrangência e seja firme para realmente fazer com que todos reconheçam os seus devidos direitos, tamanho, a sua devida importância no cenário do futebol brasileiro.”
Euriquinho ainda aproveitou a oportunidade para cutucar Jorge Salgado, atual presidente do clube: “O Vasco, atualmente, é representado por pessoas que têm vergonha das suas origens, vergonha de onde o Vasco foi fundado. São pessoas que realmente passaram a vida longe do Vasco, estiveram sempre atuantes de alguma maneira, mas sempre distantes, nunca estiveram presentes efetivamente em São Januário, não participavam do dia a dia de São Januário. Eram pessoas que realmente tinham vergonha daquela origem. Tanto é que o primeiro ato que fizeram foi tirar a sede administrativa de dentro de São Januário porque não gostam de estar em São Januário, não gostam de estar ali envolvidos com a comunidade, próximas à comunidade. Eles têm um distanciamento muito grande das raízes e das origens do Vasco, e isso precisa ser reconquistado para que o Vasco realmente volte a ser o que sempre foi.”
O pleito ao qual Euriquinho se candidata é para a presidência da associação do Vasco, uma vez que o futebol do clube é uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) comandada pela 777 Partners. Jorge Salgado, eleito no fim final de 2020, é o atual mandatário.
Fonte: ESPN