Veja cinco pontos críticos da crise enfrentada pelo Vasco
O Vasco não fez um jogo de todo ruim contra o Fortaleza no sábado, no Castelão, mas de novo sofreu gols no fim e perdeu por 2 a 0. Com apenas uma vitória em oito jogos no Campeonato Brasileiro, o time acumula três derrotas seguidas e termina mais uma rodada na zona de rebaixamento.
O clube vive definitivamente um momento de crise e precisa saber como contornar isso para reagir no Brasileirão. A fase se dá por motivos que vão dos resultados ruins dentro de campo às cobranças por contratações e providências fora dele. O ge explica a crise em cinco passos:
Derrotas e sequência ruim
Nada sobre crise estaria sendo falado se a bola entrasse e o Vasco vencesse os jogos, convenhamos. O que não é o caso: contra o Fortaleza, o time comandado por Maurício Barbieri perdeu a terceira consecutiva e continua na zona de rebaixamento. Agora são sete rodadas sem saber o que é vencer – a única vitória no Brasileirão foi contra o Atlético-MG, logo na estreia.
A queda precoce na Copa do Brasil só piora as coisas. A equipe foi eliminada pelo ABC na segunda fase, dentro de São Januário, antes mesmo do início do Brasileiro. Dessa forma, deixou de colocar um dinheiro importante no caixa e deu início à desconfiança da torcida, já que no Campeonato Carioca o rendimento esteve dentro do esperado: o time se classificou para as semifinais e fez até certo ponto dois jogos equilibrados contra o Flamengo.
O Vasco em 2023 tem nove vitórias, seis empates e oito derrotas em 23 jogos. No Brasileirão, são oito jogos, três empates, quatro derrotas e apenas uma vitória.
Atuações e pressão em Barbieri
Com exceção de alguns jogos no Carioca, o Vasco muitas vezes apresenta dificuldades para criar jogadas e não consegue arrumar uma solução quando o adversário marca em bloco baixo. Esse é um dos maiores motivos da insatisfação da torcida com Barbieri, que ouviu gritos de “burro!” no último jogo em São Januário e foi hostilizado por torcedores. Vários deles pedem a saída do treinador.
A já citada eliminação para o ABC é um dos exemplos. No Brasileirão, atuações como no segundo tempo da derrota para o Bahia e no primeiro tempo do empate com o Coritiba pesam contra o trabalho do técnico, que tem tempo para trabalhar já que o time não disputa outra competição. A avaliação da comissão técnica é de que há evolução, como disse Maldonado depois da derrota para o Fortaleza.
De fato, o número de chances aumentou no recorte dos últimos três jogos, apesar das derrotas consecutivas: foram 51 finalizações do Vasco e apenas dois gols. O Vasco foi melhor no quesito do que Santos (23 a 6), São Paulo (17 a 15) e equilibrou a estatística diante do Fortaleza (11 a 15). Nesse caso, tem faltado eficiência e poder de decisão no setor ofensivo.
Decepções em casa
Determinante na temporada passada e em vários outros momentos da história do Vasco, o fator casa não tem feito a diferença até aqui e, por vezes, até joga contra a equipe, como disse Barbieri há três semanas. E isso só aumenta a bronca do torcedor, que ainda não viu o time vencer como mandante neste Brasileirão.
O Vasco perdeu em São Januário para Bahia e Santos, adversários que estão na segunda metade da tabela do campeonato. Como mandante, também empatou com o Palmeiras na segunda rodada, em jogo realizado no Maracanã.
– Está até escrito nos muros do estádio: “São Januário é um ambiente hostil”. E em alguns momentos o ambiente está mais hostil a nós mesmos que aos adversários. Mas só vamos reverter isso com resultados positivos – disse Barbieri depois da derrota para o Peixe.
Elenco com carências
A crise passa pelos momentos técnico, tático, físico e mental do Vasco, mas também pela montagem do elenco. Hoje há carências escancaradas no plantel, e o departamento de futebol sabe da necessidade de trazer ao menos um volante, um camisa 10 e um ponta na janela do meio do ano. O time depende demais da garotada.
O Vasco tentou nomes mais cascudos como Júnior Alonso, Papu Gómez, Aránguiz, Cuéllar e Eduardo Sasha, mas as negociações, por diferentes razões, não avançaram. O volante colombiano do Al Hilal ainda interessa, embora seja considerada uma negociação extremamente difícil.
Com dificuldades para trazer nomes mais pesados no fim da última janela, o Vasco acabou contratando atletas que até o momento pouco somaram. Casos de Rwan Cruz, Carabajal, Matheus Carvalho e Paulo Henrique, jogadores que não vinham sendo aproveitados em seus respectivos clubes e, até o momento, pouco ou nada acrescentaram ao elenco de Barbieri.
Outras contratações que demandaram investimento, como Capasso e Orellano, pouco têm jogado. O zagueiro recebeu nova oportunidade no time titular contra o Fortaleza. Agora é aguardar para ver se o clube vai conseguir qualificar o elenco na próxima janela, que ficará aberta de 3 de julho a 2 de agosto.
Problemas na gestão
Como se não bastasse, o Vasco convive com problemas fora de campo como orçamento curto e atraso no pagamento de comissões a empresários e acordos com jogadores. Atlético Tucumán e Nacional do Uruguai ameaçam ir à Fifa pelas dívidas referentes a Capasso e Puma Rodríguez; a diretoria atrasou parte de uma parcela pela compra de Léo Pelé; e Andrey, cria da base, acionou recentemente o clube na Justiça.
Notícias como essas tiram a credibilidade da gestão da 777 Partners e colocam figuras como o CEO Luiz Mello, o diretor-esportivo Paulo Bracks e o diretor-técnico Abel Braga no olho do furacão. Além de Barbieri, a torcida tem protestado bastante contra os membros da diretoria e os executivos da holding americana.
Fonte: ge