Futebol

Bahia e Sport reclamam com a CBF sobre jogo do Vasco em Manaus

Os clubes consideram que o Vasco da Gama terá uma vantagem indevida jogando com uma torcida maior do que a do Guarani mesmo como visitante.

Bahia e Sport enviaram nesta terça-feira um ofício à CBF pedindo que seja revista a decisão que autorizou a mudança do jogo entre Guarani e Vasco, pela oitava rodada da Série B, de Campinas para Manaus. A partida está marcada para quinta-feira, e os ingressos já estão à venda. Grêmio e Cruzeiro também discutiram o assunto na noite desta terça-feira.


Os clubes protestam contra o que consideram uma vantagem indevida do Vasco: poderá jogar com o apoio de uma torcida maior do que a do Guarani. Algo que os outros times não farão ao longo do campeonato.

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A mudança de sede do jogo foi inicialmente negada pela CBF, em documento assinado por dois diretores da entidade, no dia 6 de maio. No dia 11, porém, um comunicado publicado no site da entidade formalizou a mudança para Manaus.

No dia 6 de maio, a CBF enviou um ofício para os presidentes de Guarani, Vasco e federações de futebol de São Paulo e Rio de Janeiro e Amazonas, no qual negava o pedido para transferir o jogo de Campinas para Manaus.

A carta, à qual o ge teve acesso, está assinada pelos diretores de Competições, Julio Avellar, e Jurídica, Samantha Longo. Os dois foram nomeados recentemente pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues para os cargos.

Os dois diretores da CBF deixam expresso que a mudança fere artigos tanto do Regulamento Geral de Competições (RGC) quanto do Regulamento Específico da Série B.

– […] tal modificação se enquadraria nas vedações previstas pelo art.13, parágrafo 1º do RGC e pelo parágrafo único do artigo 20 do REC [Regulamento Específico da Competição].

O parágrafo primeiro do artigo 13 do RGC diz

– Não será autorizada a inversão do mando de campo ou (ii) que uma equipe mande a partida no estádio habitualmente utilizado pela equipe adversária.

O parágrafo único do artigo 20 do Regulamento da Série B diz:

– O clube que queira deslocar partidas para outras praças deverá, com 30 (trinta) dias de antecedência, demonstrar que, de maneira nenhuma, esta prática representa: (i) prejuízo ao equilíbrio técnico da competição; (ii) prevalência do interesse econômico particular do clube, em detrimento dos aspectos técnicos da competição; (iii) prejuízo da presença dos torcedores do clube mandante no estádio escolhido; (iv) privilégio de qualquer natureza em favor do clube adversário, como inversão ou comercialização do mando de campo; entre outros aspectos a serem avaliados pela DCO.

Para justificar o que consideram violação desses artigos dos regulamentos, os diretores da CBF escreveram que a escolha de Manaus como sede do jogo significaria “prejuízo da presença dos torcedores do clube mandante no estádio escolhido, e privilégio de qualquer natureza em favor do clube adversário, tendo em vista a notória presença de torcedores do Club de Regatas Vasco da Gama em Manaus”.

Cinco dias depois, porém, a CBF mudou de ideia. Num comunicado publicado no site da entidade, também assinado pelo diretor de competições Julio Avellar, a entidade informa os motivos da mudança do jogo de Campinas para Manaus.

– Indisponibilidade do Estádio Brinco de Ouro na data programada por conta de reformas no gramado. Alteração com a concordância da Federação do clube mandante, da Federação anfitriã, do clube visitante e da Federação do clube visitante – publicou a CBF no dia 11 de maio.

Ao responder o pedido inicial, os diretores da CBF afirmaram que o Guarani não manifestou “qualquer desconformidade com relação ao gramado, ou outra razão que embasasse seu pedido”. O documento diz ainda que o clube paulista fez o pedido “fora do prazo de 30 dias” previsto no Regulamento da Série B.

Procurado pelo ge, o vice-jurídico do Sport, Rodrigo Guedes, que assina o documento, reforçou que esse tipo de prática, desequilibra o campeonato.

– Isso é inversão de mando de campo. O que mais se preza em toda e qualquer competição é pelo equilíbrio. E no campeonato todo clube joga metade das partidas em casa e metade com o mando do adversário. Esse pedido já havia sido negado e agora voltaram atrás – iniciou.

– Imagine se isso se torna uma prática comum nessa Série B. Se um time de menor torcida passa a mandar seus jogos em outro local pela questão econômica e lota o estádio com a torcida do time adversário. Há dois tipos de desequilíbrio ai, o financeiro, já que ele não teria uma boa renda e obviamente o técnico – completou.

Ainda segundo o vice jurídico do Sport, além do Bahia, outros dois clubes foram procurados para assinarem a reclamação encaminhada à CBF. Mas não houve retorno em tempo hábil. Vale lembrar que o Sport enfrentou o Guarani no Brinco de Ouro, pela segunda rodada, e empatou por 0 a 0.

Procurada pelo ge, a CBF ainda não se manifestou.

Fonte: Globo Esporte